Quando li este texto da Margarida, foi como tivesse encontrado algumas certezas. Eu, que tinha medo de encarar os afastamentos como coisas tristes, vergonhas de mim mesma, aspectos negativos da minha vida, acabei por ter certeza que tem mesmo de ser assim. Sem ilusões ou paninhos quentes. Diz a Margarida que desgostamos aos bocadinhos como uma "(...) viagem para outro mundo em que essa pessoa vai sendo, ao longo do caminho, cada vez mais pequena, até chegarmos a olhar para ela como se vê a terra da lua; um todo em que não vivemos."
Pensei que talvez não fosse assim tão mau; será apenas uma sinal de critérios mais estabelecidos, escolhas determinadas, proridades que vamos estabelecendo em contexto mais ou menos egoísta da nossa vida pessoal. Ou então é apenas a certeza de que o que foi já não volta a ser. Desgostamos porque somos desiludidos, magoados. Desgostamos porque o gostar deixou de fazer sentido e como Eugénio de Andrade diz "(...) já gastámos as palavras, já não temos nada para dar /dentro de ti não há nada que me peça água (...)"
Só isso e tanto ao mesmo tempo.
4 comentários:
Ou, aldrabando Camões, amor é fogo que arde até a lenha acabar!
Muito bom texto mesmo. Infelizmente é mesmo assim: "como se vê a terra da lua; um todo em que não vivemos". Gostei da metáfora
Tocante... e como diz a Margarida seria muito mais justo desgostar da mesma maneira que se começou a gostar, sem dramas, nem traumas nem "matando" a pessoa dentro de nós mas, quando a dor é muito grande, cortar de vez é bem mais fácil.
ainda nao aprendi a desgostar... e nem quero imaginar ter que o sentir...
jocas
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