Ultimamente penso muito nisto, a situação tornou-se deveras preocupante por aqui.
Viver sozinha custa. Custa pela solidão que às vezes se instala mas ultimamente custa mais pelo resto: é o empréstimo da casa, os seguros, o PPR, a luz, a água, o gás, o supermercado, a internet, o telemóvel e o resto, as pequenas coisas que não contamos gastar todos os meses mas que aparecem sempre. E não tenho carro.
É impossível fazer viagens ao estrangeiro, é impossível comprar o que quero, quando quero. É impossível ter pequenos grandes luxos. Esperar é a palavra de ordem, esperar e juntar.
Não sou forreta, não me agarro ao dinheiro com unhas e dentes mas acabo por me ver forçada a pensar mais de três vezes antes de fazer qualquer compra. Estabeleço prioridades, meço os prós e contras, procuro o mais barato e isto torna-se cansativo, revolta-me, aborrece-me. Faz-me pensar que não valeu a pena o curso, a pós-graduação, aquelas horas a mais que fiz todas as semanas, na escola.
Viver sozinha custa, ter um mau ordenado custa, mas o que me custa mais ainda é gerir tudo isto, todos os meses.
4 comentários:
a mim o que ainda me custa mais, para além de tudo o que referes, é chegar ao final do mês e ainda ter que pedir dinheiro à minha mãe. neste momento ainda continuo em casa dos meus pais, mas o empréstimo da casa, o condomínio, a água*, a luz*, o gás*, as propinas do mestrado, o passe do autocarro e outras despesas mensais a que não posso fugir levam-me tudo! inclusivamente a esperança...
* apenas o aluguer do contador e o pouco consumo que faço quando passo algum tempo em minha casa, vai sendo o meu escape...
Não posso dizer que tenha começado a trabalhar há muito tempo, ainda não tenho a minha independência assegurada, e já dá para sentir esse aperto no estômago e ter uma relação diferente com o dinheiro... É incrível como voa quando é para sair e se faz esperado quando desejamos que entre...
Um comentário solidário: não são as únicas com este tipo de problemas...infelizmente.
Infelizmente o teu sentimento aplica-se a grande parte da nossa geração.
São as rendas caras (ou as prestações), são os serviços (água, lux, gás) caros e o resto dos bens tb o são. Deixando depois de tudo pago, pouco espaço para luxos, obrigando a fazer contas e/ou a pagar em prestações sempre que se quer fazer uma compra para lá o normal.
Cada vez mais, estas situações parecem só prender os jovens de hoje em dia a ficarem eternamente em casa dos pais e de lá só sairem quando se casam (juntam) com alguém. Para que possa existir mais um ordenado para pagar as contas.
Eu moro sozinho e tenho de pagar a casa e as outras contas. E se bem que tenha uma grande ajuda da minha mãe, continua a ser complicado. Se tivesse optado por não adquirir casa e tivesse ficado em casa dela, de certeza que poderia gastar dinheiro a trocar o carro e/ou a fazer outras compras supérfluas.
Mas mesmo assim, ainda hoje considero que fiz a opção correcta.
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