(...) Vais sair a dizer que desta, desta é de vez.
Carlos Tê/Rui Veloso
O ser humano é complexo: capaz de exigências múltiplas, de gestos sublimes, de friezas atrozes e de generosidades grandiosas, não deixa de ser um bicho complicado e estranho. Acho graça quando leio que os homens são assim e as mulheres são assado como se tudo fosse assim tão linear. Acho piada quando nos pomos a tentar adivinhar o porquê desta atitude nos homens ou a razão pela qual as mulheres fazem isto ou aquilo. Se calhar, a maioria das vezes as coisas acontecem assim, porque simplemente acontecem e sem haver uma razão concreta para tal. Infelizmente, as mulheres gostam de arranjar justificações para tudo (e os homens também, acho) e acabamos por fazer filmes e mais filmes nas nossas cabeças, à procura disto e daquilo que suporte o facto de ele ou ela agirem de determinada forma. Depois acabamos a dizer que os homens são todos iguais e eles a dizer o mesmo das mulheres.
Nisto das relações humanas, a generalização é lenha para nos queimarmos e eu, que também o faço ou fazia, muitas vezes dava por mim a trincar a língua por ter dito isto ou aquilo apenas porque, supostamente, achava que era assim. Não, os homens não são todos iguais. Há características semelhantes, há traços comuns que unem a classe masculina e desses, eles e nós não podemos fugir. Dentro deste conjunto, há aqueles que se distanciam um bocadinho mais do padrão - gostam de primar pelo bom-gosto, pela educação e cavalheirismo e aos nossos olhos estão acima do nível do comum dos mortais. Claro que isso só descobrimos mais tarde. Sim, porque o tempo, quer queiram quer não, ainda ajuda a perceber quem é quem. Depois há os outros, os que não querem saber e que apesar da educação e até do cavalheirismo não fazem o mínino esforço para serem menos iguais.
A diferença está na capacidade que cada homem tem de se tornar singular para nós mas também na nossa capacidade em vermos para além do óbvio. Tudo requer tempo e agora que a sociedade parece estar pejada de relações descartáveis, é preciso, acima de tudo, dar oportunidades para nos conhecerem melhor e nós, mulheres, tão esquisitas e exigentes que somos (pelo menos eu) precisamos também de conhecermos os outros sem dizermos, logo, logo à partida "não".
[ou então não; estou muito enganada e este texto é a minha réstia de esperança a falar por si ;)]
8 comentários:
Bom, texto, muito bom texto. Fazem todo o sentido as coisas que dizes.
Sabes que falar é fácil...o engraçado da coisa, é fazê-lo...
Concordo contigo. Aliás aqui há uns tempos fiz um post na mesma linha de pensamento.
Lol...
Por norma exageo e generalizo bastante na minha escrita mas estou de acordo com este teu post.
Só alterava o início do último parágrafo para:
"A diferença está na capacidade que cada homem/mulher tem de se tornar singular para nós mas também na nossa capacidade em vermos para além do óbvio."
É que nós (pelo menos eu) tamb~em gostamos de mulheres que se tornam singulares para nós...
beijos
faz todo o sentido. achei especialmente engraçado falares em relações descartáveis. estou neste momoento da minha vida a perceber o sentido desse termo. As pessoas confundem muito facilmente aquilo que sentem e por isso é comum desistirem á partida. ou então.. sairem de uma relação directamente embeiçados por outra. onde fica aquilo a que chamam "amor" no meio disto tudo? há pouco tempo tb eu fiz um post sob este tema. a meu ver maior parte das pessoas hoje em dia nem sequer sabe o que é amor. confundem essa palavra com desejo e curiosidade. o que aconbtece é ás tantas depositas tudo no "banco do amor" e ficas sem credito, porque a pessoa simplesmente se levanta e sai. há mais pessoas lá fora!e entramos num genero de "fast love", em que és facilmente descartado, porque há sempre alguém mais bonito ou mais interessante.. enfim divagações... pior pior, é teres que papar com a troca, no teu dia-a-dia.
não acho que os homens sejam todos iguais, nem as mulheres. há pessoas com mais e menos caracter.
Quando à partida não existe predisposição para ir à descoberta do outro, dificilmente se chega a um porto de abrigo...
Serve para ambas as partes.
na muche, e acho que mais do que a réstea de esperança é talvez a certeza renascida ;).
(não deixo de sorrir, porque era aqui que queria que chegássemos.)
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