segunda-feira, 29 de outubro de 2007

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Em dias assim lembro-me sempre do poema que a professora Teresinha, de Língua Portuguesa, me deu a conhecer, andava eu no 9º ano de escolaridade. Foi a única professora que me fez chorar quando o ano lectivo chegou ao fim e só esteve connosco três meses... Assim se vê que não é o tempo que nos faz sentir mais próximos de quem quer que seja [pelo menos comigo].

Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe uma paladar,
Seria mais feliz um momento ...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...

Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva ...

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja ...


Alberto Caeiro
in O Guardador de Rebanhos

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