segunda-feira, 23 de junho de 2008

Balanço final ou, para alguns, mais um post lamechas

E pronto. Vamos a balanços.

Ser professor(a) é ter uma profissão de extremos. Temos dias em que detestamos o que fazemos - as aulas correm mal, as crianças não estão atentas, os colegas não colaboram, os projectos não avançam, as necessidades não são colmatadas, os pedidos são recusados, os pais não facilitam, o tempo passa depressa demais.
Depois também temos os outros dias, os dias bons, os dias em que achamos que temos a melhor profissão do mundo - são os dias em que as aulas correm bem, os dias em que os alunos participam com motivação e interesse, em que há partilha de saberes, em que o espírito colaborativo emerge e o diálogo é fonte de entendimento entre pais, professores e alunos.

Foi um ano lectivo complicado devido às mudanças: mudámos de escola, de sala, de horário. Tivemos de estabelecer novas rotinas, as regras sofreram algumas alterações e o ambiente de escola foi criado de raiz.
Depois, houve as mudanças governamentais - o estatuto da carreira docente, a avaliação dos professores, as constantes alterações a direitos anteriormente adquiridos. Tudo isto provocou nos professores um sentimento geral de revolta e injustiça, de descrédito e até de desconfiança que não facilitou o trabalho nas escolas.

Ali, na minha escola, há muitos aspectos a melhorar mas muita coisa boa ficou feita, felizmente - um projecto de artes plásticas que deu mais alegria à escola, uma festa de final de ano que agradou a pais, professores e alunos e que nos fez sentir, que apesar de todas as contrariedades (calor, falta de meios, de espaços adequados e de material) há sempre soluções possíveis para realizar uma actividade deste género.

No livro de visitas que deixámos à saída da escola para os pais poderem dar o seu feedback, de entre muitos comentários e sugestões, uma frase escrita por um pai dizia tudo o que podíamos querer ouvir ou ler:
"Obrigada por cuidarem dos nossos filhos como se fossem vossos"

E bastou isto para sentir que tudo valeu a pena, mesmo os dias maus em que por uma razão ou outra, apeteceu deitar tudo para trás das costas.
Como dizia uma colega minha: "Não precisamos de muito para continuar a andar para a frente. Bastam-nos estas palavras assim."

3 comentários:

aespumadosdias disse...

Gostei da frase daquele pai. Assim, sentimo-nos úteis.

Kella disse...

Pronto...mais uma lágrima!
Quem me dera apaixonar-me novamente por esta profissão, quem me dera que os pais da minha escola fossem mais sensíveis e que os filhos cooperassem ou pelo menos tentassem...
Quem me dera.

Maria disse...

Admiro tanto a tua profissão.
um bjnho.