terça-feira, 19 de junho de 2007

0, 1, 2, 3...

Começar do zero. Às vezes apetece-me. Às vezes farto-me do que sou e penso que não poderei ser mais do que isto: professora. Ter um curso especializado no ensino limita muito as possibilidades de fazer coisas diferentes e principalmente, faz-me pensar se terei vocação para outra área qualquer que não esteja relacionada com o ensino/educação. E depois, estar vinculada ao Estado é algo que nem sempre é assim tão bom quanto parece... Sinto que muitas vezes os professores agarram-se a esse porto seguro e não abrem mais os horizontes simplesmente porque sair dos quadros seria estar a deitar por terra algo seguro e certo até aos dias da reforma.
Não gostava que acontecesse o mesmo comigo. Gostava muito de fazer coisas novas e diferentes, de sair do mundo da sala de aula e poder criar ou participar em projectos inovadores e aliciantes fora do mundo da escola, ainda que relacionados com as crianças. Mas sinceramente, também eu tenho receio.

Fui voluntária na pediatria do IPO há dois anos atrás e essa talvez tenha sido a experiência mais enriquecedora que tive num campo totalmente diferente daquele onde trabalho. Ver esta reportagem no domingo passado fez-me ter vontade de voltar. Mas questiono-me: será que é só uma vontade momentânea? Será que me sinto totalmente disposta a dar novamente tudo por aquelas crianças? Será que não estou só a pensar na minha pessoa? Ponderação. É uma decisão que tem de ser muito ponderada, como da primeira vez.

Depois há coisas assim, como este museu. Espaços de partilha totalmente dedicados às crianças onde se desenvolvem experiências e onde também se constrói o conhecimento. Poderá alguma vez haver algo assim em Portugal?

E enquanto isto, o ano lectivo está no fim. Foi um ano cansativo, demasiado cansativo, talvez o mais cansativo de todos. Assumir um cargo de coordenação não é complicado, é muito trabalhoso e exige uma grande objectividade e responsabilização.
Falta a última semana de aula e depois começam as grandes reuniões até Julho com muitos planos de acompanhamento para avaliar e muitas outras questões que é necessário resolver antes de Agosto.
Está quase.

4 comentários:

L Parreira disse...

Acho que a solução poderá passar por uns dias calmos sem preocupações. Vais ver que as férias serão boas conselheiras.

Elora disse...

Porque não tentar o serviço educativo de um museu?

Pedro de Payalvo disse...

a mim não é bem começar do zero, é mais ser mais que um, para experimentar fazer muitas coisas diferentes ao mesmo tempo, para não perder tempo... e se calhar no fim decidir-me só por uma... ou duas...

manuel cabeça disse...

tenho tido a sorte (?) de me experimentar fora do ensino; é quando estou fora do ambiente das aulas, dos miudos, que mais falta sintos dos ruídos, das conversas, dos porquês e percebo algumas das razões que conduzem ao cansaço, a algum desânimo, a alguma saturação;
experimentarmo-nos fora do nosso contexto profissional é sermos capazes de para lá olhar com uma outra perspectiva e uma outra sensibilidade;
mas atenção, ser professor é podermos experimentar quase tudo, sem sair da nossa sala de aula, é desafiar os alunos e as famílias, é levarmos os outros a partilhar vontades;
isso é insubsituível;
e já falta pouco e os ânimos fazem com que te questiones, é bom, mostra maturidade e bom senso, coisas que tanta falta nos fazem;