E pronto. Vamos a balanços.
Ser professor(a) é ter uma profissão de extremos. Temos dias em que detestamos o que fazemos - as aulas correm mal, as crianças não estão atentas, os colegas não colaboram, os projectos não avançam, as necessidades não são colmatadas, os pedidos são recusados, os pais não facilitam, o tempo passa depressa demais.
Depois também temos os outros dias, os dias bons, os dias em que achamos que temos a melhor profissão do mundo - são os dias em que as aulas correm bem, os dias em que os alunos participam com motivação e interesse, em que há partilha de saberes, em que o espírito colaborativo emerge e o diálogo é fonte de entendimento entre pais, professores e alunos.
Foi um ano lectivo complicado devido às mudanças: mudámos de escola, de sala, de horário. Tivemos de estabelecer novas rotinas, as regras sofreram algumas alterações e o ambiente de escola foi criado de raiz.
Depois, houve as mudanças governamentais - o estatuto da carreira docente, a avaliação dos professores, as constantes alterações a direitos anteriormente adquiridos. Tudo isto provocou nos professores um sentimento geral de revolta e injustiça, de descrédito e até de desconfiança que não facilitou o trabalho nas escolas.
Ali, na minha escola, há muitos aspectos a melhorar mas muita coisa boa ficou feita, felizmente - um projecto de artes plásticas que deu mais alegria à escola, uma festa de final de ano que agradou a pais, professores e alunos e que nos fez sentir, que apesar de todas as contrariedades (calor, falta de meios, de espaços adequados e de material) há sempre soluções possíveis para realizar uma actividade deste género.
No livro de visitas que deixámos à saída da escola para os pais poderem dar o seu feedback, de entre muitos comentários e sugestões, uma frase escrita por um pai dizia tudo o que podíamos querer ouvir ou ler:
"Obrigada por cuidarem dos nossos filhos como se fossem vossos"
E bastou isto para sentir que tudo valeu a pena, mesmo os dias maus em que por uma razão ou outra, apeteceu deitar tudo para trás das costas.
Como dizia uma colega minha: "Não precisamos de muito para continuar a andar para a frente. Bastam-nos estas palavras assim."
3 comentários:
Gostei da frase daquele pai. Assim, sentimo-nos úteis.
Pronto...mais uma lágrima!
Quem me dera apaixonar-me novamente por esta profissão, quem me dera que os pais da minha escola fossem mais sensíveis e que os filhos cooperassem ou pelo menos tentassem...
Quem me dera.
Admiro tanto a tua profissão.
um bjnho.
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