Aldeia #01

Cheguei já passava da meia-noite. A viagem foi muito calma, apenas com uma paragem, um jantar e um gelado.

Lembrei-me minutos antes de sair de casa de trazer o computador, não sei bem para quê ou porquê. Mas apeteceu-me.

Está muito calor. É a minha primeira noite de calor deste Verão; acho que nesta Primavera houve uma ou duas noites destas mas não dei por elas. Contaram-me apenas que esteve assim.
O sino da igreja já tocou, toca sempre de meia em meia-hora e não me faz confusão. É um som reconfortante.

Talvez o tenha trazido para escrever assim, enquanto sinto, ouço e vejo.

Está mesmo muito calor. Pela primeira vez, estou de janelas completamente abertas e julgo que não vou dormir tapada sequer. Eu, que sou uma friorenta de primeira, que me tapo à mais pequenina brisa, que ainda anteontem dormia de meias.
Ouvem-se os grilos e muito de vez em quando, o latido de alguns cães. Sei que amanhã vou acordar perto das seis da madrugada ao som dos tractores e dos bons-dias das pessoas da terra. Depois tudo volta à normalidade e normalmente consigo adormecer de novo.

Ou então foi apenas pelo hábito que ganhei de escrever todos os dias.

É tarde. Preciso de dormir.
Desconfio que estas férias vão ter outro sabor, por variadíssimas razões.
Até amanhã.