quarta-feira, 18 de julho de 2007

Ser mãe [parte II]

Depois de ter este texto, lembrei-me de um que tinha escrito há algum tempo:

Há muitos anos atrás pensava eu que com a idade que tenho já teria uma família formada. Mas não. O que pensamos nem sempre se torna no futuro, seja ele próximo ou longínquo e neste momento dou por mim a ter projectos diferentes daqueles que antes julgava que iria ter No entanto, e desde há algum tempo que há um medo que me incomoda quase todos os dias... o medo de nunca vir a ter filhos.
Não é uma questão de egoísmo ou uma mania minha desencadeada pelas pressões sociais às quais estamos sujeitos todos os dias, é antes uma forma de ver a vida e mais que tudo, é o gostar muito crianças e querer amar a minha de uma forma especial.
Afinal de contas, ser mãe é ser quase tudo o que uma mulher pode ser.


Três anos depois, continuo com o mesmo medo. Apesar da vida ter-me trocado as voltas há bem pouco tempo, o desejo de ser mãe não desaparece. Se calhar agora já acho que também é um bocadinho de egoísmo saudável.

[O egoísmo é como uma placa de esferovite no mar da nossa mente: por mais que o empurremos para o fundo, está sempre a surgir à superfície]

De qualquer forma, agora vivo esse medo com mais tranquilidade. Descobri que esse caminho poderá estar mais longínquo mas que isso não se torna necessariamente mau.

Nunca antes me senti com tanta energia, nunca antes pensei que isto se pudesse concretizar ou que isto pudesse tomar uma forma tão concreta assim de um dia para o outro. São coisas que não quero abandonar, são as minhas prioridades agora.
Não sei se deva estabelecer metas para mim própria, mas começo a pensar noutras possibilidades. Tenho a certeza que o mundo não acaba se não tiver filhos já, se a minha vontade não andar em paralelo com aquilo que é possível.

Continuo a achar que ser mãe é quase tudo o que uma mulher pode ser. Continuo a querer ter filhos, a diferença é que agora não ando tão assustada. E isso é muito bom.

9 comentários:

lénia rufino disse...

ora... eu sempre achei que ia ser mãe aos 28. depois, graças a uma série de cambalhotas que a minha vida deu, achei que a coisa não se ia concretizar. De repente, vi-me grávida e na perspectiva de ser mãe aos 28. aconteceu.

agora, grávida, não acho nada que ser mãe seja quase tudo o que uma mulher pode ser. acho, aliás, que a perspectiva de uma mulher só se realizar a 100% na maternidade é altamente castradora. mesmo que tivesse acontecido nunca ser mãe, não me sentiria menos mulher por isso. da mesma forma que não me sinto mais mulher por estar grávida. e tu sabes que isto era uma das coisas que eu mais queria na vida...

mas há tantas outras formas de se ser feliz...

(beijos!)

ana disse...

Sim, há. E não critico aquelas mulheres e homens que não querem ter filhos mas para mim, a felicidade passará sempre por ter filhos. As possibilidades de que falo, referem-se às não biológicas. Apenas isso.

Šaяa disse...

Eu, como tu, tambem há muitos anos atrás pensava eu que com a idade que tenho já teria uma família, filhos... acontece que não tenho... tento nao pensar muito nisso que falas. Se tiver de acontecer acontece, a seu tempo.

violeta disse...

vinha cá dizer qualquer coisa do género... mas a menina acima antecipou-se :P
acho que ser mãe é apenas uma das coisas que uma mulher pode ser. mas não deixará de ser Mulher se o não for.
beijinhos

violeta disse...

bom... isto agora ficou desenquadrado. quando comecei a escrever o meu comentário de cima, ainda só estava o da Lénia... mas como tive que interromper, só publiquei agora. oops

LadyBird disse...

Lindinha,

Apesar do assunto ser delicado para mim, acredito que esse sonho se realizará na tua vida.

M&M disse...

Sabes tao bem quanto eu as voltas que a vida pode dar... eu que pensava que ia ficar sozinha com os meus sete gatos ( private joke), estou a gora na fase final do inicio do meu projecto a dois. Coisas que pensava ja nao vir poder a alcançar, tal como a maternidade, estao agora mais perto no horizonte.
Mas o que interessa é o que fazes e como aproveitas a vida ate la... o que importa é que sejas feliz.... eu gostava muito de saber que estas assim!

stiletto disse...

Sofia, cheguei aqui por acaso. Quando te visitava descobri este texto que me tocou numa ferida que ainda não está tão sarada como eu gostaria. Sou um pouco mais velha do que tu e a minha vida está muito longe daquilo que eu imaginei há uns anos atrás. Um dos projectos que não concretizei foi a maternidade. Quando percebi que não iria ser fácil ser mãe, doeu e muito. Mas aprendi a viver com essa dor. Um filho, para mim, faz sentido como o sinal visível do amor que une duas pessoas. Como esse amor já não existe...já me doi menos não ter sido mãe. Sabes, Sofia, sinto que, mesmo que nunca seja mãe, isso não quer dizer que a minha vida não possa ser fértil. E a tua vida, parece-me, já é muito fértil. Não te assustes. Ser mãe é, sem dúvida, um privilégio para qualquer mulher mas ser mulher não é só isso. Conheço grandes mulheres que nunca foram mães e mães que não são grandes mulheres. Por isso, sê feliz!

Nuno disse...

tenho a certeza que hás-de ser uma óptima mãe, ainda não apareceu foi o pai certo...no momento certo.
Faz-me pensar nas voltas que a vida dá!