quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Saramago

O que me a mim me indigna é esta mania que os portugueses têm de criticar alguém pelas suas ideias, sejam elas quais forem. Mas cada um já não tem direito à sua opinião? Querem lá ver que a liberdade de expressão acabou...
Digam o que disserem, concorde ou não com as suas afirmações, Saramago não tem nada a perder e nem tem idade para se preocupar com o que os outros pensam. E mais... conseguiu, intencionalmente ou não, aquilo que todos os escritores querem - que as atenções recaíssem no seu novo livro.

Isto também é marketing, ou não?

16 comentários:

Anónimo disse...

É.

Pedro disse...

Não, Sofia, isto só é marketing. :)

Unknown disse...

E ele sabe bem como o fazer.

Bruno disse...

Marketing, ideologia, ódio, o Saramago tem o direito a expressar a opinião dele sobre as suas interpretações que faz da Bíblia. Tal como a Igreja Católica tem direito a interpretar as opiniões de Saramago e emitir os juízos que entender sobre os romances de Saramago. E o que é a evangelização senão marketing, em favor de uma ideologia, em favor de uma crença, de um dogma, de um outro livro.

Analog Girl disse...

Há quem diga que é só marketing (aliás, há um comentário aqui que manifesta essa opinião), e se for também não vejo grande problema. Então que ele não quer fazer dinheiro à custa da sua arte, não? E se quiser provocar? Também está no seu direito! Acho que tem (ou deveria ter) liberdade para isso.

No meio desta confusão toda, só lê quem quer, acho que todos temos essa noção.
E eu cá quero!

gigi disse...

Um verdadeiro golpe de marketing!

Nuno Branco, sj disse...

Ola sofia :)
costumo vir aqui ao blog várias vezes...já nos "conhecemos" pelos blogs, imagino ;)

Sobre o que dizes neste post que percebo o que queres dizer a respeito da crítica e da liberdade de expressão, embora sinta que fosse necessário enquadrar melhor o que está a acontecer.

A nível da comunicação, há um requisito básico que é o do respeito pela pessoa a quem me dirigo. Isso é óbvio. E aqui, seja por parte do Saramago, seja por parte da Igreja.

Parece-me que o que está em questão, é o perigo que podemos atingir quando fazermos uma leitura incorrecta e deturpada, neste caso por parte do Saramago, da Bíblia. Não lhe nego o valor literário, mas reconheço que em matéria bíblica lhe falta informação exegética que lhe possibilite fazer uma leitura adecuada e verdadeira.
Julgo que está aqui o problema.

Beijinhos

Lady Bennett disse...

Concorde-se ou não, o senhor que fale o que quiser. E é absolutamente também uma grande dose de marketing - tal como já vem sendo habitual. Eu ainda não entendo para quê tanta coisa em torno disto. Irra!

aespumadosdias disse...

Está na massa do sangue dos portugueses.

Fernanda disse...

Isto é só marketing, nada mais. Os livros são mesmo uma seca descomunal

Anónimo disse...

Uma tempestade num copo de água, é o que isto é. Qual é afinal o papel do artista? Suponho que, entre outros, será o de abanar as consciências, as estruturas existentes, provocar a reflexão, apresentar novos mundos em contraponto com o nosso, provocar, fazer sonhar...

A literatura é uma forma de arte. E quem se sentir ofendido pelo trabalho de um artista não pode gostar de arte. Já outra coisa muito diferente é apreciar o trabalho de determinado autor. Seja nos filmes, seja na pintura, seja em que vertente artística for. E, nessa matéria, todos temos o direito de gostar ou não da sua arte. Por exemplo, eu nunca me senti seduzido pela escrita de José Saramago. E, o que é pior, muito menos pelas suas histórias. Daí até me sentir ofendido pelas suas opiniões...

Querem odiar alguém da escrita? Sugiro que leiam as crónicas do Vasco Graça Moura no DN. Aí sim, irão conhecer quem, através da escrita, exerce uma boçalidade ofensiva para muitos daqueles que não comungam das suas ideias políticas.

Catarina disse...

Pessoalmente pouco me incomoda que seja marketing e acho que cada um tem a liberdade de expressar as suas ideias. Será que temos de ser todos formatados pelas ideias dominantes? Parece-me que ainda há muitos lápis azuis neste país.
Saramago é um génio da literatura, adoro as suas obras e há personagens que não esqueço por mais anos que passem sobre a sua leitura de tão densas e ricas que são. Que venha então Caim

Diário de Lisboa disse...

gostos não se discutem, obviamente. O que para uns é seca para outros é bom. A mais bonita historia de amor li no Memorial do Convento, chegava a voltar atrás só para ter o prazer de ler novamente, de saborear as palavras. Estou neste momento a ler o elefante ( que aprovo como prenda de natal e já agora porque antes não a 50mm 1.4 que é uma óptima lente...) que também é um livro delicioso. Saramago é um escritor fabuloso, arrogante qb,polémico, duro,muitas vezes, a maior parte, com razão no que diz outras nem tanto, mas fabuloso, com uma escrita original, como poucos.Eu por mim fiquei mais orgulhoso quando ganhou o Nobel do que ficaria se tivéssemos um dia grande titulo no futebol. Quanto ao post não podia estar mais de acordo.

W a l k e r * disse...

Menos tolerância por parte da maioria das críticas -> maior o mediatismo em volta do livro -> maior lucro de vendas ;)

Bons ventos sopram para Saramago ;)

Pedro M. disse...

"Parece-me que o que está em questão, é o perigo que podemos atingir quando fazermos uma leitura incorrecta e deturpada, neste caso por parte do Saramago, da Bíblia."

Exactamente, até certo ponto. Quem faz a leitura errada não é Saramago, é quem a defende, designando certas passagens de alegorias quando dá jeito. Palas nos olhos sempre foi um grande perigo.

Nuno Branco, sj disse...

Pedro M:
Obrigado pelo comentário mas não percebi o "quando dá jeito".

Se um poema é escrito com uma linguagem metafórica, vive da imagem e de vários recursos literários não acha que seria insuficiente interpretá-lo de maneira literal? Não perderiamos o risco de deixar de lado aquilo que o poeta diz com palavras não ditas?
abraço,