Olho muitas vezes para os meus pais e digo para mim mesma que quando for grande quero ser assim: quero ser a segurança, a frontalidade, a determinação que lhes vejo nos olhos, nas palavras, nos gestos.
Depois penso que o que gostava mesmo era de ser mãe e de materializar tudo isso nessa forma de estar e viver. É verdade que o sou todos os dias, um bocadinho. Pelo menos sinto-me um pouco assim. Naquele bocadinho que lê as histórias e ralha quando tem de ser, ou no bocadinho que lhes faz uma festa na cabeça e elogia os esforços. Mas também gostava de ser mãe nos outros bocadinhos - os mais chatos, os mais íntimos, os que precisam dos abraços e dos mimos, os bocadinhos que alimentam, os que aguentam as birras, os bocadinhos que dão a segurança, o conforto. É aí que me falta crescer e ser grande, é aí que gostava de ser como os meus pais - na segurança e conforto que (ainda) me dão quando preciso.