quinta-feira, 13 de maio de 2010

...

(...) Se a minha avó fosse viva, indignar-se-ia hoje por ninguém respeitar o seu silêncio. Teria passado os últimos dois dias a ser interrompida nas suas orações, não por mim, mas pelos comentadores da televisão. Os seus Pai Nosso seriam quebrados pelas considerações em directo sobre o facto de haver cadeiras Philippe Starck para o Papa se sentar. Estranharia a presença e as opiniões da Constança Cunha e Sá sobre o facto de as pessoas acharem o Papa mais simpático ao vivo. Dispensaria o eco permanente dos repórteres, redundando cada gesto e cada palavra do Papa e completando-os com inteligentíssimas suposições, como "e agora Bento XVI vai descansar porque também é humano".
Porque, por mais que me custasse, por mais que isso contrariasse a minha natureza inquieta e irrequieta de criança, a minha avó sabia que a Fé se alimenta no silêncio e interioridade. E se fosse de outra forma, ela então preferia era mesmo ver telenovelas.

In Mãe Preocupada

1 comentário:

Inact disse...

Pois, a "Avó Preocupada" não poderia estar mais certa!