quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

coisas de quem tem 30 [e dois, quase três] anos

Hoje em dia, ter trinta anos é quase como chegar à segunda maioridade. Enquanto que aos dezoito são-nos abertas bastantes portas para uma vida em sociedade mais participada, aos trinta anos já não há muitas portas para abrir, mas sim algumas para fechar. Eu explico: é como se fossemos nós, pessoas de 30 anos  obrigadas a ter dado certos passos na vida: casar, ter filhos, ter estabilidade profissional.
Se não, vejamos... Há uns tempos, o técnico da Tv Cabo veio instalar a power box e acabou dizendo: Pronto, agora vocês só têm de usar o comando assim e assado... [Vocês??? Mas qual vocês? Eu!] Noutra situação em que estou a comprar uma peça de roupa para o meu sobrinho emprestado e peço ajuda, oiço Que idade tem o seu filho? [Filho? Não tenho filhos!], ou ainda numa repartição pública: Que idade tem? Trinta? Devo tratá-la por senhora ou menina? [Olhe, tanto faz!] E mais uma ainda passada no local de trabalho e dita por uma daquelas mães com quem se tem mais confiança : Já está na altura de ter filhos, não é professora? [Pois... é, é...]

Enfim, são muitas as situações em que começamos a sentir o peso dos trinta. Sinceramente, a maior parte das vezes rio-me para dentro e não respondo, mas não deixa de ser engraçado verificar que na nossa sociedade os trinta anos ainda estão associados ao casamento e filhos. Quer queiramos quer não, quem está solteiro haverá sempre de ouvir estas e outras perguntas e sentirá os olhos postos em si quando, entre pessoas mais ou menos casadas ou juntas, se é o único sem par, sozinho (e acuse-se o primeiro que nunca sentiu tal constrangimento ou solidão).  E isto acontece apesar de caminharmos no sentido contrário, apesar de estar provado que há cada vez mais pessoas solteiras aos trinta anos. Estranho, diria. Ou talvez não.

18 comentários:

Blossom On A Tree disse...

Tenho 21 anos e não penso casar-me nem ter filhos antes dos 30. Até me faz confusão pensar nisso...

Beijinho

L'Enfant Terrible disse...

Não gosto das pressões ditas sociais, ainda mais que acho piada a quem segue esse tipo de "directiva" quase cegamente, depois vem com essa conversa para nós como se fossem donos da verdade, mas mais tarde andam aos caídos, ora porque dá em divórcio, ora porque não podem fazer certas coisas por causa dos filhos, enfim. Cada um deve seguir as coisas de acordo com a sua naturalidade e preparação mental e não porque fica bem.

Sandra disse...

Como eu entendo... Com trinta (e um, não tarda!) e casada há 3, a pergunta dos filhos é constante... Uma gaja não é menos gaja se for solteira e se não tiver filhos! Arre! Maldita sociedade!

Mariana disse...

Posso aconselhar a sério "Sexo e a Cidade"?

Episódios curtinhos, seis temporadas e acabamos a pensar que o importante não é estar sozinhas ou acompanhadas, mas que o importante é mesmo extrair da vida o que ela tem para nos dar, aproveitando o facto de estarmos solteiras e livres para o mundo, ou o facto de termos com quem partilhar essa vida.

E se pararmos um bocadinho para pensar vemos que a realidade é que o ser humano é insatisfeito, nunca consegue estar muito tempo bem com o que tem e com o que é. Vejo amigas solteiras a invejar o facto das comprometidas terem sempre alguém do lado delas para o bom e para o mau e vejo amigas comprometidas (eu incluida) a invejar um pouco a liberdade e a intensidade com que as solteiras aproveitam o momento! E no fim percebemos que o que interessa é a forma como aproveitamos a vida...seja como for.

Beijinho e pensamento positivo!

Castiel disse...

Eu fiz a pouco 25 anos e já tenho comentários desses... O_O *

Anónimo disse...

Sofia,
Daqui, escreve alguém pouco mais velho, logo e à partida, um niquinho mais "vivido": só tens uma vida, aproveita-a da maneira que melhor de aprover. Repito: cada dia que passa é irrepetível; não percas tempo com espartilhos, com preconceitos duma sociedade ainda muito "poucochinha". Vive ao máximo o que puderes; experimenta tudo o que te apetecer; marimba para tudo o que te impeça de seres tu própria. Este latim é gasto, mas cada vez mais verdadeiro. Acredita.

beijinho,

João A. Quadrado disse...

[strange times, are here to stay... agora para quem aos quarenta ainda tem de aluguer, dúvidas existenciais que devia ter sido arrumadas na prateleira dos vinte... o mundo ao contrário!]

um imenso abraço

Leonardo B.

Ana Red Nose disse...

Who cares? Faz o que te apetecer!
Aos 30's há revoluções interiores fantásticas! Até dá para começar de novo. No meu caso, a crise dos 30 serviu para me divorciar e construir uma vida mais "minha". Agora, é mm um prazer! :)
Viva a hipótese de mudar!!!!

MP disse...

Esquece, Sofia. Infelizes são as pessoas que fazem as coisas e vencem as etapas, não por amor verdadeiro ou por desejo intenso, mas porque o figurino diz que sim e porque os outros insistem. São as primeiras a divorciar-se e a desejar atirar os filhos pela janela. Sê feliz! :)))

Indecisa disse...

Eu tenho 26 e a pergunta mais frequente é "então e não tens namorado? o quê? AINDA não tens namorado"..
Enfim...

Poetic Girl disse...

Pois é inevitável! A mim ainda esta semana me aconteceu um interrogatório desse género, e já vou com 34 anos! Mas a verdade é que ainda não encontrei o tal e até lá, até lá prefiro estar mesmo sózinha comigo mesma! bjs

Chica disse...

:)

Calíope disse...

Há formatos sociais tão impregnados na sociedade que qd alguém não cabe neles (e não somos tão poucas assim) é vista de lado, com pena, com pancadinhas nas costas tipo 'deixa lá, qualquer dia aparece alguém para ti'. A essas pessoas, possivelmente, nunca lhes ocorreu q possamos ter outros projectos mais prioritários ou q simplemente n aceitamos qualquer um para n estarmos desemparelhadas. (eu vou a caminho dos 32)

Pedro de Payalvo disse...

tontinha... o técnico da tv cabo estava a tirar nabos da púcara...
o que ele queria era saber se és solteira...
;p

Carla disse...

"Broken English" - um filme que tem a ver com este assunto, com a pressão da sociedade mas também com a solidão que muitas pessoas pensam que se combate com ter simplesmente um namorado ou marido. Sipnose do filme: "Toda a gente quer amar alguém. Para alguns, encontrar alguém é mais natural que para outros, mas todos sem excepção receiam a rejeição e a solidão. Socialmente e culturalmente, somos ensinados a ser completados por alguém e que, graças a essa ligação, seremos salvos de nós próprios. À medida que envelhecemos, a pressão de encontrar alguém cresce. Há o estigma de ser solteiro. O “relógio interno” das mulheres acelera e a ideia de ficar sozinha ganha maiores contornos e torna-se insuportável e desesperante. Constrói-se um universo repleto de cinismo, insegurança, confusão e inveja pelas pessoas circundantes que aparentam ter tudo o que desejam. BROKEN ENGLISH é uma lição de como construir confiança no próprio ser. É aprender a arriscar e a não ser tão cuidadoso sobre a vida que por nós todo o dia passeia."

AnaD disse...

Estou nos trinta e dois a caminho dos trinta e três, e sinto essa mesma pressão ... nalguns caso até soam como acusações... mas no outro dia uma amiga casada e com filhos, ou seja uma que seguiu os parâmetros sociais, dizia-me que há quem nos "cobre" esta opção de vida por mera inveja. E olha que acho que se calhar não está longe da verdade, pus-me nos sapatos de quem tá casado e com crianças e a minha vidinha deve soara um sossego libertador.

Luis Prata disse...

Da próxima vez que te rires para dentro, tenta responder.

Talvez encontres paz e conforto nessa resposta, talvez reencontres a motivação para escreveres outro texto como este.

Bjinhos

asemnome disse...

Deixa lá, tenho uma prima que fez 32 e ainda nem trabalha... Enfim.
Não consegue, mas também não faz por isso.

Carpe diem ;)