Aqui, leio a indignação perante a enormidade de Bons que houve nesta última avaliação. Não me admira que assim seja. Quis-se uma avaliação válida e fiável dos professores, acabámos por ter uma avaliação pouco condigna que em nada deixa transparecer a qualidade dos docentes, o empenho e o rigor com que trabalham (ou não).Mas diz a excelentíssima ministra da educação Isabel Alçada que o Bom se deve "à tradição da atribuição desta nota".
Se bem me lembro, no regime avaliativo anterior onde cada professor tinha que fazer um relatório apreciativo do seu trabalho durante um determinado período de tempo (normalmente 4 a 5 anos) a nota maioritariamente atribuída era Satisfaz. Ao contrário do que é dito nos comentários do post acima mencionado, o Bom e Muito Bom estavam regulamentados, no entanto, estas notas apenas eram dadas caso o docente solicitasse uma avaliação extraordinária, isto depois de lhe ter sido atribuída a nota de Satisfaz. Acontece que neste campo, ficou tudo na mesma - equipararam o Satisfaz do anterior Estatuto da Carreira Docente, à classificação actual de Bom e daí a ministra Isabel Alçada dizer que estes números se devem à tradição. Parece-me a mim que este é apenas um argumento falacioso. O governo simplesmente não quer dar a mão à palmatória a certas exigências e justificações apresentados pelos professores, principalmente àquelas relacionadas com avaliadores externos, para que simpatias e compadrios não fossem a ordem do dia nas escolas e os professores-avaliadores não se sentissem constrangidos perante os seus pares. Facilitou a todos a existência destes Bons, a quem recebe e a quem os dá. E mais, como os professores não foram obrigados a ter aulas assistidas para serem avaliados, isso apenas lhes deu direito à nota máxima de Bom. Portanto, sem aulas assistidas os muito bons professores, os assim-assim e os maus, ficaram diluídos nesta grande percentagem apresentada. Tão simples quanto isto.
Agora levanta-se a pergunta: O que fazer então para quebrar a tradição do Bom?
4 comentários:
Se é para serem todos corridos a Satisfaz ou a Bom, qual o interesse da avaliação. Queremos é ver Mau ou Muito Bom e as devidas consequências para cada um dos casos.
Exacto. Daí esta avaliação não ter servido de muito.
Não apenas bom, nem muito bom, Sofia. É um excelente texto sobre este triste assunto e o inconcebível desfecho que lhe foi dado.
Obrigada, João. Como deve calcular, é assunto que me é muito próximo.
O desfecho agradou a ambas as partes. Faltou esclarecer convenientemente a questão das quotas e os critérios que serão usados para as atribuir.
Haverá muitas surpresas, digo eu. Más surpresas.
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