terça-feira, 26 de outubro de 2010

Tem de ser?*

Mas desde quando tem de ser? Tem de ser quando que quiser e quando me apetecer. Não tem de ser hoje e agora só para mostrar que somos fortes e avançamos na linha da vida. Tem de ser apenas o que sinto, o que mostro, o que sou. Quando e como quero. Todos os dias.  Não quando os outros querem ou acham bem.
Se me apetecer cair, caio. Se quiser ir ao fundo vou, não tenho de me levantar e ser assim, só porque sim. Não tenho de caminhar em frente porque a lei da vida assim o exige e a sociedade me diz que é o mais acertado. E se eu quiser ser do contra? Tem de ser?
Desde quando o "tem de ser" ou o "tens de ser forte" me faz mais forte? Desde quando essas três palavras me fazem sair do que sinto, esquecer o que vai na minha cabeça?

O poder de escolha não está nas palavras que nos dizem, não está nas dezenas de pessoas que dizem que deve ser assim porque é mais acertado. Dizerem "tens de esquecer", "tens de partir para outra", "tens de seguir a tua vida" é fácil, mas... isso não acrescenta nada, nem ajuda sequer. E digo-o com plena convicção porque já o senti na pele. Ninguém o faz por mal, é certo,  mas não, não ajuda. Apenas pressiona.

Não tenho de... mas posso. Posso mudar isto e aquilo, posso fazer o que me apetece, posso. É uma escolha e é somente isso que precisamos para se abrirem alguns caminhos à nossa frente e optar por um. Sozinhos, a maior parte das vezes. Porque, quer queiram quer não, digam o que disserem, são as nossas convicções que prevalecem e só percebemos o que somos assim, tropeçando, ficando lá no fundo e saindo do poço quando queremos e não quando os outros dizem que tem de ser.

*para a L.

10 comentários:

Merenwen disse...

Este texto era mesmo o que estava a precisar de ler hoje. Obrigada Sofia! Mesmo sem o saber, e não sendo para mim, ajuda.

Maria disse...

São palavras que nos dizem e nós ouvimos. O que eu costumo dizer é " Estou aqui para ouvir a tua história as vezes que for necessária". Sim para a frente é caminho, mas nada nos serve ouvir isso se estamos amarradas a algo.
E este comentário teve mesmo de ser hehe.
Fazes, acima de tudo, o que te apetece fazer naquele preciso instante. Sentes o que tens de sentir. Por vezes é necessário bater no fundo para nos erguermos de novo.

Este Blogue precisa de um nome disse...

Obrigada por me dizeres isso. Obrigada... :)

Sofia disse...

Irrita-me profundamente ouvir "tens de... (ter paciência, continuar optimista, seguir em frente, esquecê-lo, etc....)". O que temos de fazer são outras coisas. O resto, é como dizes, é quando nós queremos. Hei-de seguir em frente quando eu quiser, tentar esquecê-lo quando eu quiser, ficar optimista quando me apetecer, porque quando não me apetecer vou berrar e chorar até me escorrer baba pelo queixo e ranho pelo nariz e ninguém vai morrer por isso! As pessoas esquecem-se de que às vezes precisamos de estar tristes ou zangados, nem que seja só uns dias ou umas horas... também é saudável :)

Geri disse...

Obrigada Sofia do fundo do coração! Nem imaginas o quanto foi importante para mim ler este post hoje. É tão difícil...
E ler o que nos vai na alma assim tão claramente dá-nos um pouquinho mais de serenidade. Obrigada....

VM disse...

assino por baixo.

kiss.

li@ disse...

O pior é perceber que tu própria queres que tenha de ser, e ao mesmo tempo sabes que não consegues, nem sabes se algum dia vais conseguir. E tudo te parece pior do que ficares no chão a chorar, porque enquanto aí estás... ainda nada mudou.

Poetic Girl disse...

Só tem que ser porque a gente quer que seja e não por intermédio dos outros... cada um tem o seu tempo, cada um tem as suas dores e só nós sabemos o que é melhor para nós, beijoca

L'Enfant Terrible disse...

Não há nada exterior a nós que nos faça resolver o que quer que seja em definitivo. Apenas em nós residem as respostas, as nossas respostas e não as dos outros, o problema é encontra-las.

Lénia Rufino disse...

Lá está: não tens que conseguir, não tens que reagir, não tens que nada. Tens que levar o tempo que for preciso, a fazer o que for preciso. Aquilo que tu, o teu corpo, a tua alma puderem, conseguirem e estiverem dispostos a. Não vai ser hoje. Se calhar daqui a um ano ainda não foi. Será ao teu ritmo, quando tiver que ser.

E falar é fácil. Toda a gente acha que fazia assim e assado se estivesse na tua situação. Mas não está. Por isso é que já te disse: não imagino sequer o que estás a sentir, porque nunca o vivi assim. Mas tenho dois ombros, um colo e dois ouvidos, tudo disponível (ao mesmo tempo ou em separado) para ti.