domingo, 30 de dezembro de 2007

Post escrito num único take ou como se escreve um post sem parar para pensar

As luzes da árvore piscam. A luz da sala é ténue. O aquecedor está ligado e tenho o computador em cima das pernas. Estou de pijama, um pijama de malha polar e umas pantufas azuis claras oferecidas pelo Natal. Quentes, por sinal. Eu que andava sempre de pés e mãos frios, deixei-me disso este Inverno. Vá-se lá saber porquê...
A televisão está ligada na Fox Life e transmite um filme com o Robin Williams. Não, e não é uma comédia. Falta-me a lenha para a lareira mas sei que o meu pai irá trazê-la amanhã, tal como lhe pedi esta semana. Faz-me falta o calor da lareira. É desse calor que sinto mais falta quando venho da aldeia, desse e do outro, o da família. Gostava tanto de viver perto de todos eles - avós, tios e primos - faltam-me esses laços diários, as conversas com as minhas primas, os ensinamentos dos meus avós, a compreensão dos meus tios. Mas sou uma pessoa citadina e nunca seria capaz de me mudar para lá, com todas as vantagens que daí pudessem advir. Teria uma vida mais calma, mas não seria eu e mais tarde ou mais cedo voltaria. A cidade é o meu bálsamo diário; gosto do seu bulício, gosto de observar as pessoas no comboio, gosto de me sentar no café sozinha com a minha meia de leite (normal) a escaldar-me a garganta e ver as pessoas a entrar e a sair. Gosto de ir ao Bairro alto propositadamente cortar o cabelo, naquele sítio, com a Andreia; gosto do Chá do Carmo e gosto que o empregado me reconheça e me pergunte se vou tomar o mesmo chá de sempre. Gosto de ver as pessoas no Chiado, [já repararam que as pessoas estão cada vez mais bonitas?] Sou citadina e o campo só me faz falta algumas vezes por ano, para descontrair.
Aqui, o tempo anda devagar. Nesta sala, hoje e agora, dou por mim a pensar que há duas ou três coisas que me fazem falta. Mas não estou triste e nem me sinto só. Apesar de tudo, apesar de tudo o que me faz falta, estou bem. Pelo menos hoje é assim... amanhã à noite, logo se vê.

3 comentários:

bruno e.a. disse...

hum!
fiquei com mais saudades de lisboa depois do que li aqui...

obrigado pelo momento...

não sei porquê, pressinto que voltarei mais vezes, mais e mais...
olha que descoberta.
para final de ano, nada mau!

até 2008!

espero saber o caminho de volta.

nemsei disse...

O campo é bom para desanuviar, para limpar. Como dizia a minha avó o "ar é outro".

Mas viver sem o stress, sem agitação da cidade deve ser impossível.

ps: gostava de escrever tão bem, sem parar para pensar.

Tangerina disse...

Vês? Escrever sem respirar pode dar nisto: num texto muito sedutor:)

Gostei, gostei.

Tem um Bom Ano:)