segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Ainda os rankings

Perante esta polémica dos rankings há uma questão muito importante a tocar: a forma como a avaliação externa se processa.

No ano passado, a escola onde dei aulas foi sujeita a uma avaliação externa rigorosa por parte de uma equipa da Inspecção geral de Educação. Foram ouvidos coordenadores de ano (onde estava incluida), conselho executivo, conselho pedagógico, professores sem cargos, auxiliares de acção educativa, pais e equipa de psicologia. Foi feita uma análise cuidadosa ao projecto curricular de escola, ao projecto educativo, ao plano anual de actividades bem como ao regulamento interno. Observaram o funcionamento da escola e foram às salas de aula. As entrevistas tiveram por base tudo todos os documentos analisados: as questões focaram-se sobretudo na dinâmica escolar e na aplicação e verificação dos objectivos e actividades descritos nos projectos apresentados.
Apontaram-nos algumas fragilidades, levantaram algumas questões pertinentes mas ficámos muito satisfeitos com a nota que recebemos em Junho e assumimos o compromisso de melhorar os aspectos mais fracos que nos foram indicados.

Tudo para dizer que a avaliação das escolas não se faz única e exclusivamente pelas notas que os alunos apresentam. Eu pergunto: será que as escolas privadas têm bons projectos educativos? Será que os pais têm conhecimento desses projectos educativos, dos seu objectivos, das suas linhas orientadoras? Que peso têm estes projectos na escolha de uma escola? Ou os pais só se seguem pelos rankings?
Se as escolas públicas são avaliadas pelos parâmetros que podemos encontrar aqui, porque não fazer o mesmo com as escolas privadas? Porquê dar importância a rankings criados a partir de avaliações internas tremendamente influenciadas pela avaliação externa?

Perante um sistema que faz vénia ao facto das escolas privadas não admitirem alunos com necessidades educativas especiais mas que elogia as escolas públicas de não os descriminar; perante um sistema que exige (e muito bem) planos curriculares alternativos para estas crianças mas que contraditoriamente permite que esses alunos com NEE entrem nestas provas e também nas provas de aferição (apesar de assumirem nos relatórios finais que tal não acontece), não é de admirar que os resultados sejam sempre estes e que as escolas públicas fiquem sempre longe dos lugares cimeiros.

E falam em equidade, validade e fiabilidade das avaliações e neste caso, da avaliação externa? Perante um sistema organizado desta forma, isso sim, ainda é uma utopia.

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