sexta-feira, 25 de setembro de 2009

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Aos dezoito anos e no auge da minha parca rebeldia participei num programa radiofónico do qual já não me lembro do nome, na Rádio Renascença. Nessa noite, via telefone, expus a minha opinião em relação a Deus. Não acreditava Nele e ninguém me demovia desse meu princípio. Quando a jornalista me perguntou em que é que acreditava disse que acreditava em mim própria e expliquei que sendo uma pessoa normal, sem nada de extraordinário, só podia contar comigo mesma e com aquilo que sabia que poderia ou não fazer. Deus não me dava garantias e portanto, nunca poderia acreditar numa Entidade que nunca me tinha dado provas reais de nada.

Hoje, catorze anos passados, ainda não defini muito bem a minha relação com Deus. Umas vezes aproximo-me mais, outras vezes afasto-me e olho-O de longe.
A Igreja, como instituição, causa-me alguns arrepios nomeadamente no que diz respeito a certos radicalismos e rituais, no entanto, gosto da igreja como local de reflexão e silêncio, ponto de encontro de pensamentos, decisões e até de pedidos feitos em desespero de causa [lembro-me sempre do filme protagonizado por Jim Carrey - Bruce Almighty - onde ele, passando a ter os poderes de Deus, não consegue dar conta do recado e atender a todas as pessoas do planeta].

Se acredito Nele? Acredito, mas reservo-me ao direito de duvidar de vez em quando. Nem que seja só para voltar a entrar numa igreja e em quinze minutos de silêncio ganhar mais força e optimismo para seguir em frente. Não sei se isto é ter fé mas, por agora, é com esta que posso contar.

5 comentários:

Anónimo disse...

Nunca tive uma relação muito chegada com Deus. De quando em vez lembro-me do quanto ele representa para muitas pessoas em todo o mundo, chame-se ele Deus, Alá, Manitu ou o que seja. Quanto à religião, apesar da minha família me ter tornado católico pelo baptismo e, posteriormente, através da catequese e cerimoniais adjacentes, recuso-a. A igreja divide muito mais que aquilo que une, basta observar a causa das últimas guerras que assolaram a humanidade. No entanto, já quanto à fé a conversa é outra. Um homem, e uma mulher, claro, precisa de ter fé, de acreditar. Acreditar sobretudo em si e nos objectivos a que se propõe independentemente do seu cariz. A fé, a consciência de nós, do que queremos, do que somos, ajuda à perseverança. Por isso, nas alturas de menor optimismo nada como sentarmo-nos numa esplanada, pedir uma bebida, olhar o horizonte, respirar fundo e perceber que a vida está ali mesmo à nossa espera. À tua espera, Sofia.

P.S.- Após o visionamento de «Bruce Almighty», o filme, fiquei com a leve sensação de que preferiria Morgan Freeman a Jim Carrey para assumir as funções de Deus.

Lady Me disse...

Também me sinto assim em relação a Ele...

Unknown disse...

Sofia, este é um tema com pano para mangas... Aos dezoito anos também eu era como tu, lembro-me da minha tia me obrigar a fazer o sinal da cruz uma vez que entrámos numa igreja. Muitos dias, anos passaram, muitas dificuldades depois, chego á conclusão de que o nosso destino é um cruzamento da nossa vontade com a vontade de deus. e acredito nele. De repente, perante aquelas dificuldades da vida, que compreendo que nada mais posso fazer, todo o meu esforço, compreensão sairam gorados, aprendi a agarrar-me a ele. e peço muitas vezes a sua ajuda. ás vezes atende, outras não.

Mãezite disse...

Ainda sexta-feira este foi o tema ao almoço com as minhas colegas. É um tema de que gosto bastante pois ainda não sei muito bem o que penso sobre o assunto (e tenho 34 anos) e cada vez que falo sobre o assunto clarifico sempre mais qualquer coisa. A minha posição é muito parecida com a tua. Para não dizer que é tal e qual. Mas gostava muito de acreditar.

Anónimo disse...

Fico feliz por terem passado 14 anos e a situação original de completa negação se ter alterado para um estado de relativa proximidade. Espero que Ele possa continuar a aproximar-se durante os 14 anos que aí vêm.

Gosto muito deste blog, sou visita regular apesar de nunca o ter comentado. Sendo eu viciadíssima em Deus, não consegui ficar indiferente a este post.

(Vou, com certeza, colocar este assunto nas Suas mãos quando voltarmos a conversar.) *