quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

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[Voltar a ouvir rádio para adormecer. Há doze anos que não fazia isto]

Num outro blogue que tive, contei uma vez como descobri o prazer de ouvir rádio pela noite dentro com o programa "O Sexo dos Anjos", um programa que contava com a presença de Júlio Machado Vaz. Tinha dezoito anos e deitar-me antes da meia-noite era um hábito ao qual estava habituada. Phones nos ouvidos e uma dificuldade imensa em sintonizar a Rádio Nova, levavam-me quase a desistir, mas não o fazia. Nunca adormeci a meio de um programa e lembro-me particularmente de um deles em que Júlio Machado Vaz e alguém de quem agora não me lembro o nome falavam sobre o filme que marcou esta minha passagem de ano - As Pontes de Madison County.

[E só agora dou conta que o filme já tem mais de dez anos]

Na altura e estando eu numa idade em que o amor era para mim o corolário perfeito da vida que ansiava ter, ouvir falar de um filme que não conhecia e ficar automaticamente rendida àquelas descrições, àquele amor, parecia-me estranho. Cheguei mesmo a escrever para o programa e a fazer figas para que em algum daqueles domingos se lembrassem de ler a minha carta. Nunca o fizeram, acho. Não descansei então enquanto não vi o filme e quando tal aconteceu achei que era história perfeita, um Romeu e Julieta sem rivalidades, Montequios ou Capuletos, sem a marca da morte mas com algo talvez muito pior, a despedida. Trágica, dolorosa mas também muito bonita.

[Não serão todas as histórias de amor assim?]

Sentir um filme de tal intensidade com dezoito anos foi talvez uma das experiências mais marcantes que tive. Se assim não fosse, não estaria aqui e agora a falar disso mesmo. Considerem-me lamechas e posso-vos dizer que sim, que tenho dias. Não me chateia absolutamente nada.
Mas tudo isto para dizer que voltei a ouvir rádio à noite e a redescobrir este prazer que, pensava eu, já tinha esquecido. E julgava eu que não me conseguia surpreender a mim mesma...

6 comentários:

Rita disse...

E onde o sintonizas, agora? :) Fazem falta, esses momentos de maior intimidade radiofónica, com muita pena minha acho que, hoje em dia, quase deixaram de existir essas relações personalizadas entre locutores e ouvintes, nomeadamente esses programas que nos podem fazer pensar e estimular a visão do mundo por outros prismas alternativos.
E depois há as "playlists", essa repetição monótona e cansativa, penalizante, principalmente para quem possa ouvir a mesma rádio em momentos diferentes do dia e se apercebe da perversidade desse mecanismo...

Jorge Moniz disse...

Era o Aurélio Gomes a outra voz (que agora anda pelo RCP em conversas "dona de casa"). Lá ao fundo, do outro lado do vidro, de vez em quando ainda se ouvia o Zé Gabriel.

(também nunca leram a minha carta)

stiletto disse...

Sofia, "As pontes de Madison County" foi um dos filmes mais importantes da minha vida. Não só pelo amor intenso vivido fisicamente em tão poucos dias mas que encheu a vida inteira mas pela pessoa que estava comigo quando vi esse filme. Ela, hoje, é a minha melhor amiga e devemos isso ao filme. Foi uma "ponte" que se estendeu entre nós. As lágrimas que derramamos ao "viver" aqueles momentos com as personagens foram as lágrimas que nos aproximaram. Mais uma vez encontro um ponto em comum contigo, lol!

Cid disse...

ia jurar que comentei este post ontem...

cá vai de novo.

:) também tive as minhas noites agarrado a um programa de rádio... é certo que com um tema bem diferente. Era o M€rd@ na Madrugada. Depois ele terminou e com ele também as minhas noites de rádio.


já experimentei (agora em formato podcast) ouvir o Pessoal e Transmissivel do Carlos Vaz Marques... mas não é a mesma coisa.

rádio é rádio

e viva a rádio

ninguém disse...

eu também nunca tive o hábito de ouvir rádio, tirando quando tinha 16/17 anos e aos domingos de manhã acordava para ouvir o sexo dos anjos... até gravava os programas em cassetes e tudo. O Júlio Machado Vaz agora tem um programa na antena 1 mas eu nunca mais voltei a ouvir rádio como naquela altura. O filme é muito bonito.

abraços

Susana disse...

eu vi o filme logo após ter vivido um amor muito semmelhante: intenso e fugaz. tinha 19 anos e o amor, que naquela altura era pra sempre, teve que ter um fim devido a um oceano de distância.
hoje, olho para trás e rio. mas quando revejo o filme vivo aquela semana com muita saudade...

coisas da vida. há dias assim!